You have to ask yourself what brought the person to this point

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jack, Let's Make Love

Estou com uma paciência de merda. Aliás, estou sem a mínima paciência. Acabei por dormir menos de meia hora porque a Ana se lembrou de raspar as unhas na porta do meu quarto como se fosse um gato ou o caralho. Não tenho paciência para essas merdas. Ainda tentei enterrar a cabeça na almofada mas depois de alguns minutos a tentar apercebi-me que não ia aguentar assim tanto tempo. É que, infelizmente, ainda só respiro pelo nariz e a boca. Bom, a situação encontra-se no ponto em que tenho de me por minimamente apresentável, tenho de ajudar a por a mesa, tarefa que habitualmente me cabe, mas que hoje não me apetece fazer e tenho de receber amavelmente o cabrão do Johnny e a puta da namorada dele. É deprimente, as coisas difíceis que uma gaja se vê forçada a fazer. Para melhorar esta situação da treta acabei de ouvir a porta e deve ser o Daddy, pela maneira como a fez bater, o dia deve-lhe ter corrido uma merda e eu, sinceramente, não tenho o caralho a ver com isso. O problema é que para o Daddy isso pouca importa.

-Boa noite. – não me apetece conversas chatas. – Boa noite! – se ele me obrigar a abrir a boca temos um caso muito fodido entre mãos – BOA NOITE! .....MAS QUE MERDA É QUE EU TE FIZ AGORA? – a verdade é que não fizeste nada, mas não tenho paciência para ti e tenho a leve sensação que ainda irás fazer.

-Hoje o Johnny e a nova namorada dele vem cá jantar – diz a Ana, que pelos vistos recuperou rápido da proeza de há algumas horas. Estou impressionada! O que é que a tipa fez?! Os olhos dela estão incrivelmente lúcidos.

-Hoje? – partilhamos desta satisfação interior.

-Opá Daddy não te ponhas com merdas agora. Sabes bem que o tipo vai trazer um porradão de cocaína e nós não queremos merda com o Johnny pois não?

-O Johnny que se vá foder. Eu quero é que ele e as putas das namoradinhas dele morram.

-Não sejas estúpido. Se não estivéssemos aqui a falar do Johnny eu até acreditava nessa treta. – O Ruben é capaz de ser um filho da puta ainda maior que o Johnny por isso não me admirava nada que realmente o quisesse morto. Este gajo até a mamã devia querer exterminar.

-Daddy, trata das coisas com a Patrícia, eu vou dormir um bocado porque estou com uma dor de cabeça horrível.

-Eu? Mas eu por acaso convidei alguns cabrões para virem cá jantar? Por mim esses tipos nem punham os pés cá em casa!

-Pois mas parecem que vão, portanto não faças merda! – e nisto bate com a porta. Provavelmente alguém vai jantar com um olho negro… e não sou eu.

-Mas o que é que lhe deu? –não lhe vou responder, estou a achar um piadão em embirrar um bocado com o fulano. – Foda-se, mas tu estás a ouvir o que eu te estou a dizer? Qual é que é a merda do teu problema? – se não estivesse a fingir de zangada desmanchava-me já a rir. Mas tenho uma imagem a manter. – RESPONDE-ME. –talvez sempre serei eu a ir jantar de olho negro. Isto se ele até estiver bem disposto. – EPÁ! CAMBADA DE ANORMAIS – e bate com a porta. Parece que resto eu e tu. Jack. Meu homem.


Por Patrícia em Nevermind (Cap. Rapariga procura garrafa de whisky para relacionamento sério) 2008

4 comentários: