Estou com uma paciência de merda. Aliás, estou sem a mínima paciência. Acabei por dormir menos de meia hora porque a Ana se lembrou de raspar as unhas na porta do meu quarto como se fosse um gato ou o caralho. Não tenho paciência para essas merdas. Ainda tentei enterrar a cabeça na almofada mas depois de alguns minutos a tentar apercebi-me que não ia aguentar assim tanto tempo. É que, infelizmente, ainda só respiro pelo nariz e a boca. Bom, a situação encontra-se no ponto em que tenho de me por minimamente apresentável, tenho de ajudar a por a mesa, tarefa que habitualmente me cabe, mas que hoje não me apetece fazer e tenho de receber amavelmente o cabrão do Johnny e a puta da namorada dele. É deprimente, as coisas difíceis que uma gaja se vê forçada a fazer. Para melhorar esta situação da treta acabei de ouvir a porta e deve ser o Daddy, pela maneira como a fez bater, o dia deve-lhe ter corrido uma merda e eu, sinceramente, não tenho o caralho a ver com isso. O problema é que para o Daddy isso pouca importa.
-Boa noite. – não me apetece conversas chatas. – Boa noite! – se ele me obrigar a abrir a boca temos um caso muito fodido entre mãos – BOA NOITE! .....MAS QUE MERDA É QUE EU TE FIZ AGORA? – a verdade é que não fizeste nada, mas não tenho paciência para ti e tenho a leve sensação que ainda irás fazer.
-Hoje o Johnny e a nova namorada dele vem cá jantar – diz a Ana, que pelos vistos recuperou rápido da proeza de há algumas horas. Estou impressionada! O que é que a tipa fez?! Os olhos dela estão incrivelmente lúcidos.
-Hoje? – partilhamos desta satisfação interior.
-Opá Daddy não te ponhas com merdas agora. Sabes bem que o tipo vai trazer um porradão de cocaína e nós não queremos merda com o Johnny pois não?
-O Johnny que se vá foder. Eu quero é que ele e as putas das namoradinhas dele morram.
-Não sejas estúpido. Se não estivéssemos aqui a falar do Johnny eu até acreditava nessa treta. – O Ruben é capaz de ser um filho da puta ainda maior que o Johnny por isso não me admirava nada que realmente o quisesse morto. Este gajo até a mamã devia querer exterminar.
-Daddy, trata das coisas com a Patrícia, eu vou dormir um bocado porque estou com uma dor de cabeça horrível.
-Eu? Mas eu por acaso convidei alguns cabrões para virem cá jantar? Por mim esses tipos nem punham os pés cá em casa!
-Pois mas parecem que vão, portanto não faças merda! – e nisto bate com a porta. Provavelmente alguém vai jantar com um olho negro… e não sou eu.
-Mas o que é que lhe deu? –não lhe vou responder, estou a achar um piadão em embirrar um bocado com o fulano. – Foda-se, mas tu estás a ouvir o que eu te estou a dizer? Qual é que é a merda do teu problema? – se não estivesse a fingir de zangada desmanchava-me já a rir. Mas tenho uma imagem a manter. – RESPONDE-ME. –talvez sempre serei eu a ir jantar de olho negro. Isto se ele até estiver bem disposto. – EPÁ! CAMBADA DE ANORMAIS – e bate com a porta. Parece que resto eu e tu. Jack. Meu homem.
Por Patrícia em Nevermind (Cap. Rapariga procura garrafa de whisky para relacionamento sério) 2008
não entendi, foste tu que escreveste?
ResponderEliminarfui sim, são excertos de coisas que escrevi
ResponderEliminarJá sabia ;)
ResponderEliminar.
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