You have to ask yourself what brought the person to this point

sábado, 1 de janeiro de 2011

whe-where is?

          -Silencio-me quando falas sobre falhas de carácter e matuto sobre o significado verídico que se escondem por detrás desses dialectos. Não compreendo sobre o que falas. Não detecto as tuas falhas de carácter horrendas. Faz-me entender ao que te referes concretamente. Percorres o espaço vazio que nos separa disparatadamente. Os opostos do quarto parecem incrivelmente longe. Tens cabelos curtos que começam a crescer com uma facilidade visível. Tens a pele hirta e flagelada pelo frio mas arrastaste-te em pesadas afastadas e determinadas. Explica-me.


         -O que se me explode dentro da razão rapidamente se silencia e é árduo voltar a pedir-lhes que falem. Não encontro frases e segmentos que explicitem o que pretendo dizer. É tão difícil fazer-me falar que compreendo agora a incapacidade de assimilar a causa humana, a causa do que nos alimenta. Gostava que também visualizasses a perspectiva do meu ponto de vista, que fosses concretamente menos objectivo. Abstrai-te. Deixa-me, pelo menos, mostrar-te.

        -É inútil complicares o só te fará sofrer ainda mais, digo e bebo o uísque que ainda à pouco iniciara. É meia noite, as badaladas ouvem-se novamente, afinal já é meia noite e um quarto. Ela observa-me com olhos deslumbrados mas que em nada se livram da sua obstinação. Os dedos tremem-lhe enquanto segura o cigarro e o leva aos lábios soprando daquele fumo. Vejo-a frágil e efémera. O cabelo. Os olhos ruby. Os dedos que lhe tremem nas mãos…só te fará sofrer ainda mais.

      -Dizes-me que é inútil complicar, que é inútil o irracionalismo, que me magoa ainda mais. Mas não fazes ideia do que é que me magoa realmente. Edimburgo distende-se no nosso quarto e começo já a ouvir as sonoridades dos elementos que ainda há pouco referenciavas. Já me baloiço neles, já preciso da sua essência, já não quero fechar a janela. Batuco com os dedos nos joelhos e giro-os em toques repetidos e consecutivos. Pulsa-me a música através dos membros. Integro-me no que se encontra disperso fora do quarto. Dentro do quarto. Bebes o uísque e observas-me enquanto fumo passivamente. É inútil não complicares. É inútil a tua racionalização. Abres a boca mas calo-te com um simples alçar da mão.

 
História de uma Garrafa de Whisky, Conto 5: Laphroiag