You have to ask yourself what brought the person to this point

domingo, 7 de março de 2010

Need a Doctor?

Mas a droga devia ser demasiado pura porque não me recordo de quando me puxou para outra sala, onde me arrancou as roupas e me encheu de whisky e linhas, bebendo-o e cheirando-as num frenesim louco. Arrancou-me a blusa do corpo e puxou-me as calças com tamanha força que os seus dedos brutos ficaram vincados nas minhas coxas e abdominais. Depois abriu-me as pernas e mordeu-me as virilhas enquanto deitava coca por cima do meu clítoris e o lambia desvairadamente. No peito, em cima dos mamilos, deitou a quantidade de whisky que achou possível derramar e lambeu-o tão bem que quando regressei a casa o cheiro da sua boca estava espalhado por todo o corpo assim como as marcas de dentadas de tonalidade vermelha que frisavam o rosa salmão dos meus mamilos. Certas zonas do meu corpo, desgastou-as tanto que o sangue escorria em grandes camadas, inundando a superfície dura onde o meu rabo estava assente. Poderia ter durado horas e horas, porque a moca era tão grande e a dor tão aguda que entrava em orgasmos repetidamente. O Doutor sempre foi extremamente profissional e eficiente com os seus pacientes. Depois de me ter lambido e consumido pediu-me delicadamente que me virasse de costas para que prosseguisse com a inspecção física. Afastou-me as nádegas e introduziu dois dedos no recto enquanto me lambia languidamente o ouvido e me dava leves mordidelas pela coluna. Certa parte do ombro arrancou-ma com os dentes e trincou-a até a engolir, vindo-se quase simultaneamente ao meu lado. Agitou-me pelos ombros, sentou-me na cadeira e piscou-me o olho, de onde escorriam espessas lágrimas que fluíam com o sangue que jorrava da boca.


-Continuas perfeita, querida. Irrepreensível. Nunca me apareceu ninguém como tu, é bastante interessante. Estás óptima. E vamos manter o tratamento, pelo menos durante mais alguns meses. Volta daqui a relativamente pouco tempo para eu poder observar tudo novamente e garantir que não surgiu nenhuma complicação maior.

-Obrigada, Doutor. – respondi bastante austera ao que ele sorriu.

-Tens aqui a medicação, não te vou passar receita desta vez. – diz, entregando-me um pequeno saco transparente cheio de pó branco. – alguma dúvida telefonas-me.

Olho para ele uma vez mais e levanto-me, deixando o corpo descair numa dor forte. Avanço até à porta mas a sua voz faz-me parar, volto-me para trás.

-Oh, e Alicia – diz, enquanto observa as folhas pousadas na secretária à sua frente, voltando novamente o olhar frio para mim. – Pede um chupa-chupa na saída, sabes que eu preocupo-me sempre com os meus pacientes especiais.


 
Por Alicia em As duas invenções do pornógrafo Loy - 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

All tomorrow dinners

-Bem, acho que vou buscar o gelado. – diz a Ana.
-Ana estás muito bem. - diz o Johnny focando o olhar sério e doente na silhueta da Ana.
-Desculpa?
-Sim, caralho... Não te faças de desentendida... Estás boa!
-Hum, bem obrigada, Johnny.
-Oh, qual obrigada qual quê. Ainda andas com o larilas do Darwin?
-Larilas?
-Sim pá, toda a gente sabe.
-Toda a gente sabe do quê?
-Toda a gente sabe do que se passou!
-Do que se passou? - a Ana parece mesmo não estar a pescar nada do que ele diz. - Estás a falar do quê, Johnny?
-Oh, foda-se. Tu sabes!
-Não, não sei!
-Que o papá dele lhe foi ao cuzinho. – A Ana olha ferozmente para o Ruben que abana a cabeça negativamente. Parece que não foi ele.
-Isso não é verdade. - desculpa ela.
-Caralho, Ana. CLARO QUE É VERDADE. Não me digas que nunca te apercebestes. As camisas aos quadrados, o sotaque…
-Ele é holandês…
-Merda pá, o que é que isso tem a ver? O que eu acho é que não devias perder tempo com esse gajo. Podes ter qualquer rapaz que queiras.
-Vê lá se não a queres violar ali no quarto de cima. – diz a Trevo num tom de voz infantilizado e irritante. A Ana abre os olhos perplexa. Eu estou a mijar-me a rir, mas continuo a esforçar-me para não o demonstrar. Caralho, que jantar!
-E que tal se te metesses na tua vidinha…– berra ele.
-Bem, eu vou buscar o gelado… - diz a Ana novamente.
-Então e tu Patrícia? Ainda não te ouvi dizer nada esta noite. Deves estar enfrascadíssima em whisky. – a Ana levanta uma sobrancelha. Esta conversa está a ser interessante para todos.
-Eu?
-Sim, pá. Quem é que é o tipo que andas a papar agora?
-Bem, não tenho um relacionamento estabelecido agora. – Estabelecido não consta no dicionário de bolso dele. – Não ando a papar ninguém agora.
-Ah! Gostas de foder uns e outros, não?
-Sim, exactamente isso! – diz o Daddy. Filho da puta.
-É, eu também não tenho nada sério agora. – A Trevo levanta os olhos e fita-o desesperadamente. O namorodo deles acabou de ser rebaixado à condição de "nada sério" em frente a um grupo de agarrados. Acho que se começa a aperceber do que é que aquela maça cinzenta cerebral é feita. – Um gajo precisa de se abrir de vez em quando.
-Então e à bocado acabaste por conseguir dormir alguma coisa de jeito? – pergunta-me finalmente o Jimmy. -Epá não. A Ana resolveu despachar uma garrafa de vodka e foder-me os cornos. – As atenções centram-se na Ana que me abre os olhos ofendida. Estou-me a cagar, vou prosseguir. – Oh, mas eu já estou habituada. Quando não me esgravata a porta põe-se com aquela merda barulhenta no quarto.
-Que merda barulhenta? – pergunta o Daddy, desejoso de ter qualquer assunto de que ele ainda não se tenha apercebido que possa usar como arma numa guerra caseira.
-Aquele vibrador rabbit. É a noite toda zá-zá-zá-zá-zá-zá-zá-zá-zá-zá… depois vem o pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá-pá…tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá…zum-zum-zum-zum-zum-zum-zum-zum-zum. – Estão todos atentos aos meus lábios. Estou a ser emotiva, tenho a certeza. A Ana parece que vai chorar. – Mas o pior é quando passa horas no zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Até que tenho de gritar: “foda-se Ana!”. Epá é que quer dizer, uma gaja precisa de dormir. Aquela merda fode os cornos a qualquer um. – acho que vou ficar sem almoço durante uma semana.
-Oh Patrícia, caralho. –diz ela. Se calhar entusiasmei-me com o rumo da conversa.
-Oh Ru. Não te sintas envergonhada. Aqui o Johnny gosta de saber destas histórias. Tamos em família, caralho! Não te ponhas com timidezes. – ela baixa os olhos e contorce os lábios, numa daquela: “Pois. Parece que assim é.” – Até porque eu não fico a pensar que és uma puta ou assim, hum? Não me interpretes mal. Eu acho até bastante curtido essas cenas. – O Daddy tem um brilho diabólico nos olhos. O whisky leva-me sempre ao fundo das questões. A mesa mantém-se em silêncio agora.
-Então pá Johnny! – diz o Jimmy entusiasmado – no outro dia vi aí um vídeo teu com uma garina qualquer. Qual delas é que era? – diz com um riso idiota e tipicamente masculino. – Sem ofensa, querida. – dirigindo-se à Trevo, que acena tranquilamente.
-Ah! Era esta! Aqui a minha favorita! – e nisto agarra-a pelos ombros e dá-lhe um grande beijo na boca. Estamos sem palavras.
-Então quer dizer que já está tudo bem? – pergunto eu, sem pensar.
-O QUÊ? – pergunta a Tré assanhada e sem perceber patavina desta merda. O Johnny olha para a Ana, a Ana olha para mim, foda-se está duplamente zangada; o Daddy olha para o Jimmy e o Jimmy olha para o Daddy. Depois olham todos para mim, que coro cada vez mais enquanto encolho os ombros e imploro por misericórdia. Olham todos menos o Johnny que foca a Ana com um ar zangado e neurótico.
-Do que é que ela está a falar? - pergunta a Tré com um sorriso nos lábios. Rezo para que esse sorriso não desapareça. Bebo um grande gole de vinho. Ela continua na espectativa. Bebo o resto do copo.
-Johnny? Johnny? JOHNNY? - a inquietação dentro da Tré é visivel a todos nós. Puxa-lhe a manga do casaco freneticamente.
– DO QUE É QUE ELA ESTÁ A FALAR, JOHNNY?
Estou tão lixada que nem me apetece pensar nisso. Voltam todos a olhar para os pratos e o Johnny resmunga baixinho enquanto fita a Ana – Sua puta, sua puta.
-Bem, acho que vou buscar o gelado. – mas continua sem se levantar.
-Johnny! Do que é que ela está a falar? – a voz da Tré é decididamente estridente e irritadora. Deixei de ter pena dela.
-Foda-se, caralho! Mete-te na merda da tua vida. – Todos mantém um olhar de enterro. Mas que casualidade, ouvir o Johnny falar assim com a maior parte das suas namoradas.
-Mas Johnny! – grita ela.
-FODA-SE! JÁ TE MANDEI CALAR. – olha tudo para baixo.
-Estou grávida, Johnny. – Olha tudo para ela. Sem dúvida que estes jantares são para repetir.
-O quê? – diz ele, perplexo.
-Estou grávida. – e nisto começa a soluçar. – Com licença. – e levanta-se da mesa mais vermelha que um tomate. Todos se mantém calados.
-Bem eu acho que vou buscar o gelado. – diz a Ana uma vez mais.
-Eu vou buscar a merda do gelado. – digo eu já irritada com essa deixa.


Por Patrícia em Nevermind (Cap. Ninguém te vai dar tau-tau) 2008

The Moon Shines bright old

 Acordo com o bater dos dedos suaves na porta. Estão quarenta grau e o meu corpo está molhado na sua própria transpiração. Há algo de relevante no modo como a janela se mantém aberta. Levanto-me e sinto as primeiras náuseas da ressaca apesar de ainda sentir o desconcerto do alcool. Volto a ouvir as leves pancadas na porta mas é demasiado cedo para alguém importante. Levanto-me e sinto a dor de cabeça que se avizinha e nao há nada que eu consiga fazer em relação a isso. Encho outro copo de Jack Daniels e sento-me à beira da cama. Fui um homem de sucesso outrora, tinha tudo. Sabia fazer tudo, era o melhor fazê-lo, mas algo ocorreu. Algo que não consigo indicar, definir, particularizar. O copo está totalmente cheio e mantem-se fixo nas minhas maos. Sinto na lingua o sabor doce e quente do whisky. Recordo-me de algo ocorrido na noite passada e ia jurar que vi a Sienna, à entrada do hotel sozinha. Os cabelos loiros agarrados à cabeça por um elástico e as suas feições intensas e calorosas. Recordo-me de como falava e procurava desesperadamente intrometer-se na minha vida, ou pelo menos de como o tentava fazer. Quebrar a barreira entre nós, nunca foi um passo acertado."É a lua, não é?" perguntou-me. Longas e quentes lágrimas rompem repentinamente e o copo fica vazio, bem como a garrafa, e só consigo ver a noite, tão postuma perante mim. E disse: "Sim, é a lua."


Por Paul Hudson em Jack Daniels