You have to ask yourself what brought the person to this point

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Oh Christ" said the boy..."That year was something else!"

11 de Maio de 2000


Ela acorda, dói-lhe o estômago. Pensa na noite passada, sorri. Sente as pernas cansadas, o peito dormente, sente o cheiro dele por todo o corpo, mergulha no odor. Olha-se ao espelho, vê o rímel e o risco dos olhos a escorrer pela face. Arde-lhe a perna, observa, vê arranhões. Bastantes arranhões. Desce, come um iogurte, lava a cara, lava os dentes, arruma a mala. Põe os óculos e saí de casa.
Ele acorda. Tem o soutien ao pé, dói-lhe a cabeça. Dormiu poucas horas, tem de abrir a loja. Sente leves dores nas pernas e nos braços. Lava a cara, lava os dentes. Limpa a loja. Olha para o sofá e sorri. Guarda a roupa dela no quarto. Abre a loja.

Ela caminha, observa o sol, forte. Sente-o no estomâgo, na cabeça, na boca. Sente-se tonta. Continua a caminhar, chega à loja. Está aberta. Entra, não o vê. Espera. Ele aparece, ela sorri. É beijada. Ela pede a roupa. Ele diz que não dá. Ela sorri, beija-o. Combinam qualquer coisa e ela avança para a praia.
Ele atende três idosas, dá-lhes informações sobre fatos-de-banho vermelhos, elas estão atentas. Ele vai à arrecadação. Quando volta, encontra-a. Ela espera, com umas calças vermelhas e um biquini verde. Ele sorri. Beija-a. Ouve-a pedir a roupa. Diz que não pode, precisa dela, mais algum tempo. Vê-a sorrir e beija-a. Ela vai embora.

Ela chega à praia, as mesmas caras, as mesmas pessoas. Sente-se triste. Vai até ao mar, mergulha. Lava os restos de maquilhagem, de suor, do cheiro dele. Volta para a toalha, deita-se, pensa na noite passada. Começa a ser questionada sobre os arranhões, mente, sorri. Tem fome, vai para casa.

Ele não quer que ela vá, quer outra noite como a de ontem. Lamenta. Vê-a afastar-se. Continua a trabalhar. Começa a ter fome, vai almoçar. Volta para a loja e trabalha.

Ela chega a casa, sente-se cansada. Almoça e deita-se, acaba por adormecer. Sonha, sonha com alguma coisa. Acorda, já é tarde, ele ainda não disse nada. Caminha pela casa, sente o estomâgo dorido, sente a cabeça cansada e latejante. Pega na mala e saí.

Ele não vê hora para acabar o trabalho, quer ligar-lhe. Espera pelo amigo, está quase.

Ela vai a todos os cafés, quer um Redbull. Não há. Encontra um café que tem. Compra, caminha até à loja e bebe. Vê-o, fala com o amigo. Sorri. Ele olha para ela e sorri-lhe.

Chegou, ele não está sozinho. Agora pode sair com ela. Fala com ele, conta-lhe alguns pormenores da noite passada, eles riem alto, ambos. Ele vê-a chegar, sorri. Fala-lhe, diz-lhe para irem à praia.

Ela chega, fala-lhes. É convidada a ir à praia, aceita. Eles vão. Sentam-se, ele bebe um café, ela observa. Acabam, vão até à praia.

Começam por se dirigir ao café, a ideia é dele. Ele bebe, ela não. Ele fala, ela ouve. Vão até à praia.

Ela tem calor, corre para a água, despe as calças, mergulha, refresca-se, suspira. Corre para perto dele, que se encontra na areia, deitado. Deita-se ao seu lado. Ele olha-a. Ela sorri. Fecha os olhos. Encosta-se a ele. Não falam durante algum tempo. Deliram, imaginam e inventam coisas que sabem que nunca farão. Ela gosta tanto. Não consegue abrir os olhos. Ele abraça-a, ela sente-se confortável.

Ele está bem, ela tem calor. Ele não quer ir á agua, ela vai. Ele fica a observá-la. A sua sensualidade, no corpo, nas mãos, na cara. Quer que ela se deite. Sente-a molhada, beija-a. Ela fecha os olhos, ele senta-a encostar-se. Não falam. Ele parece gostar. Sente-a apertar. Aperta-a também.

Ela abre os olhos, vê os dele, tão perto. Sorri, beija-o. Sente as mãos dele pelo corpo, ela gosta. Fecha os olhos novamente encosta-se a ele. Gosta quando ele fica atrás dela, aquece-lhe o corpo. Fá-la sentir segura.

Ele olha para ela, ela acaba por fazer o mesmo. Ele vê os seus olhos, tão verdes, tão grandes, tão enigmáticos. Tentam dizer tantas coisas ao mesmo tempo. Sente os lábios dela. Toca-lhe no corpo, com as pontas dos dedos. Sente o relevo do peito, a barriga, o umbigo, sente as pernas, o pescoço macio. Ela fecha os olhos, parece gostar. Mexe-se, vira-se de costas e encaixa-se nele. Ele deixa, e aperta-a.

Ela pergunta se pode escrever sobre isto.

Ele olha-a com ternura, diz que sim. Diz que também irá escrever.



Retirado de O Ano de 2000 (11 de Maio de 2000)

1 comentário:

  1. gostei do blog! especialmente deste texto. está simples, mas muito bom. adorei as descrições.
    E vi uma letra dos joy division num dos textos, que é tipo das minhas bandas preferidas of all time! bom gosto, portanto x)

    ResponderEliminar