You have to ask yourself what brought the person to this point

sábado, 19 de dezembro de 2009

História de uma Garrafa de Whisky - Jack Daniels

Eu fecho os olhos  e ela sai. A simultanedade dos acontecimentos é quase bizarra. Quando volto a acordar o quarto está vazio novamente. Tenho a certeza de que ela não voltará, pelo menos não desta vez. Os dias passam e passam, quase que os vejo na minha cabeça, a passar, à frente dos meus olhos. Vejo-me a mim, vejo as garrafas de whisky vazias, a ausência de cores, o refúgio da lua noutro local excepto no céu por cima do meu quarto, na minha varanda de noite. As noites passariam friamente, tepidamente, geladamente. A deserção do espaço, que se apodera de todo o eu. A imobilidade do meu corpo a partir de aí e até então, tanto de pé em frente a um espelho como deitado na cama, no chão, enrolado no que sobrou dela. A incapacidade de beber, agravando-se, tornando-se insuportável, desgastante. O modo alento como me vou movimentando, de um espaço para o outro, de uma superfície para outra. A irrelevância e o deslumbramento com que me recordo da lua, enquanto ela estava por cima do meu quarto, enquanto a noite cheirava a noite, enquanto o meu quarto cheirava a sexo, enquanto o meu copo cheirava a whisky. Longas lágrimas cair-me-ão pelo rosto e o sentimento de culpa com elas. A ausência é um vazio profundo e atroz. O medo é um obstáculo ficcionado. E eu sempre fui o meste em ficções. Deixei de escrever, deixei de me envolver, deixei de relembrar. Mas agora tudo veio de rompante e não há whisky qye me volte a envolver no sonho em que tenho estado preso. Não há sonho algum.

Por Paul Hudson em Jack Daniels

1 comentário:

  1. é profundamente triste quando as Coisas perdem a sua essência natural.

    quando o gato perde o bigode
    quando o polvo se solta dos tentáculos
    quando o peixe perde as guelras
    quando o cavalo perde a crina
    quando o video perde a imagem
    quando a música não emite som
    quando o toque não é sentido
    quando a chuva não molha
    quando a noite perde a lua...


    ...algo está morto e podre.

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