Abro os olhos e observo o céu por cima de mim. É irónico que ele se apresente como sendo um reflexo do que está sob. Eu sou o que vejo no céu e, o céu reflecte-me. A minha imagem a flutuar no ar, por cima de mim. Assemelha-se a um sonho. Completamente ilusório e idílio. E eu agradeço por lhe pertencer porque neste espaço de tempo não há escuridão, nem profundeza, nem abismo. Porque é um tempo completamente apaziguo e beijo os meus pulsos. Os meus lábios ficam cravados neles, mesmo depois de não se encontrarem por lá, efectivamente.
(...)
E balanço-a para a frente, num movimento rápido e ligeiro. A cadeira de baloiço ao canto da sala. As imagens são sacudidas da minha cabeça e desfazem-se em pedaços pela sala estagnada. As rosas crescem e germinam. Levanto-me da cadeira e atravesso o corredor até elas. Debruço-me sobre as mesmas e sussurro-lhes suavemente “Não é sobre este espaço.” Agarro na tesoura e corto duas delas pelos pés. Solta-se uma essência pelo ar instantaneamente ao meu movimento, espalha-se sobre mim, essa essência. Emano o perfume. Um longo inspiro. Encosto a rosa ao peito. Um calafrio percorre-me o corpo e os meus mamilos endurecem, espetando-se na blusa. Beijo as suas pétalas e arranco-as deixando-as cair na palma da minha mão que se encontra estendida por baixo.
por Melody em As duas Invenções do Pornógrafo Loy
Sem comentários:
Enviar um comentário