-És linda – digo-lhe, quando observo o olhar perpetuo com que observa o que se dissolve no meu estômago, quando me deixa espalhar o pó nas suas mamas e inalá-lo com uma virtude animal. E ela é de facto linda! Deus, é tão macia…Esfrego-me na sua pele deleitosa e acaricio-lhe os braços, os lábios, os olhos, os dois seios, as coxas, o abdómen e beijo-os. Tomo-as nas mãos e rendo-me às demonstrações do seu brio singular e da sua essência já tão rara. Seria tão insuficientemente ambiciosa se não a quisesse para mim. Algumas pessoas nunca compreenderão a dimensão de possuir tamanha facúndia entre as mãos, entre os lábios, entre-junto ao corpo. E foi nesse contacto que a senti retrair-se, num movimento brusco e tornar-se hirta, fitar-me e afastar-se, repentinamente incerta da dignidade daquilo que estávamos prestes a fazer. Puxo-a de encontro ao meu peito e intencionalmente faço com que sinta o pulsar contínuo do meu coração, agitado agora pela droga que me corre no sangue. Derramo propositadamente uma ou duas lágrimas que acabam por lhe escorrer para o peito com nostalgia e sinto-a observar-me desoladamente. E é… é linda. Linda enquanto a rolo em mim e lhe dispo a blusa e bloqueamos lentamente a porta da casa de banho com duas nádegas brancas e firmes, encostadas às molas largas, em movimentos circulares enquanto uma língua esguia e lânguida as completa, de outra direcção. Vejo-nos reflectidas no espelho inacabável que suspenso por cima dos lavatórios nos dá uma imagem quase total das nossas pessoas e fundimo-nos no branco cal das paredes. Lambo-a e fundo os dedos nela, a língua, o nariz, enquanto a ouço arfar e a sinto vir-se, na minha cara, com o sexo escancarado que quase me engole. Depois liberto-a das mãos e baixo-lhe a saia, digo-lhe que vá e que leve os dois whiskies para a mesa só que ela recua e especula-me debaixo daqueles dois grandes olhos azuis que me imploram por qualquer coisa. Sorrio e aproximo-me do corpo que ainda ofega e lateja. Lambo-lhe o peito onde a coca se denunciava e beijo-a nos lábios dizendo:
-Tu és linda mas o que acabámos de fazer põe-te na rua em dois segundos. Finge que vieste à casa de banho e leva os dois whiskies para a mesa. Ninguém vai fazer perguntas. O Figgy vai-te apalpar. Não te oponhas. Ele consegue ser um verdadeiro filho da puta quando quer. – E nisto afasto-me para lavar as mãos e sinto-a desaparecer nas minhas costas. O que resta dela, a escorrer pela parede, a escorrer-me pela boca, pelo esófago.
História de uma Garrafa de Whisky, Conto 7: Suntory Yamazaki Single Malt Whisky
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