You have to ask yourself what brought the person to this point

terça-feira, 29 de março de 2011

borracho na lua

Fluímos numa solidão brutal da rua deserta e implacável onde o som do trompete começa já a sair putrefacto e gasto e onde as sonoridades perdem aquele brio conseguido em palco, mas a minha voz é seca e rouca e não consigo proferir estes dialectos com precisão, não sei a que socorrer, já não há forças que sustenham este método, somos só eu e tu: os desolados desabrigados. O jazz e o player, sozinhos na batalha. Bum, ele apita lá do fundo, onde já não se sente, piiiiiiiiimmmm biiiiimmmmm já dói, já se sente, é o trompete. Eu sou o Steve, hoje esta noite, Steve e o Trompete! Sem sax, aparece nas entre linhas, todos batem palmas de insatisfação, só me querem ver no sax, que miséria. Piiiiiimmmmm, ele chora-me entre os lábios, não sei como o silenciar, é uma dor autentica, repleta de verdade. Depois ouve-se um tambor lá ao fundo, não espera! É o som da bateria, eles querem-me, querem-me, querem-me! Vou nadar até à margem, mas a maré puxa-me para baixo, para o profundis, dez metros abaixo da superfície…. Piiiiiiiimmmmm… dói-me o peito de tanto puxar esta nota, de tanto-tanto-tanto-piiiiiimmmm…arghhhhhh
Bap bap bap bap bap, ouve-se na calçada, volto-me para trás para a observar melhor, é aquela gata com o cio, meu, ela está com o cio e vem de saltos altos, OUTRA VEZ. Já ninguém quer saber do mestre, caminhamos sozinhos.
-Tenho-me vindo a alimentar deste tabaco e deste whisky, gata. – digo-lhe roucamente num arrastar lamentoso.
-miiiiauuuu – geme ela.
-mii-o quê?
-aaaaauuuuuuuuuuuuu



História de uma Garrafa de Whisky, Conto 6: Ardberg

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