Eu fecho os olhos e ela sai. A simultanedade dos acontecimentos é quase bizarra. Quando volto a acordar o quarto está vazio novamente. Tenho a certeza de que ela não voltará, pelo menos não desta vez. Os dias passam e passam, quase que os vejo na minha cabeça, a passar, à frente dos meus olhos. Vejo-me a mim, vejo as garrafas de whisky vazias, a ausência de cores, o refúgio da lua noutro local excepto no céu por cima do meu quarto, na minha varanda de noite. As noites passariam friamente, tepidamente, geladamente. A deserção do espaço, que se apodera de todo o eu. A imobilidade do meu corpo a partir de aí e até então, tanto de pé em frente a um espelho como deitado na cama, no chão, enrolado no que sobrou dela. A incapacidade de beber, agravando-se, tornando-se insuportável, desgastante. O modo alento como me vou movimentando, de um espaço para o outro, de uma superfície para outra. A irrelevância e o deslumbramento com que me recordo da lua, enquanto ela estava por cima do meu quarto, enquanto a noite cheirava a noite, enquanto o meu quarto cheirava a sexo, enquanto o meu copo cheirava a whisky. Longas lágrimas cair-me-ão pelo rosto e o sentimento de culpa com elas. A ausência é um vazio profundo e atroz. O medo é um obstáculo ficcionado. E eu sempre fui o meste em ficções. Deixei de escrever, deixei de me envolver, deixei de relembrar. Mas agora tudo veio de rompante e não há whisky qye me volte a envolver no sonho em que tenho estado preso. Não há sonho algum.
Por Paul Hudson em Jack Daniels
You have to ask yourself what brought the person to this point
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Lost Garden
Abro os olhos e observo o céu por cima de mim. É irónico que ele se apresente como sendo um reflexo do que está sob. Eu sou o que vejo no céu e, o céu reflecte-me. A minha imagem a flutuar no ar, por cima de mim. Assemelha-se a um sonho. Completamente ilusório e idílio. E eu agradeço por lhe pertencer porque neste espaço de tempo não há escuridão, nem profundeza, nem abismo. Porque é um tempo completamente apaziguo e beijo os meus pulsos. Os meus lábios ficam cravados neles, mesmo depois de não se encontrarem por lá, efectivamente.
(...)
E balanço-a para a frente, num movimento rápido e ligeiro. A cadeira de baloiço ao canto da sala. As imagens são sacudidas da minha cabeça e desfazem-se em pedaços pela sala estagnada. As rosas crescem e germinam. Levanto-me da cadeira e atravesso o corredor até elas. Debruço-me sobre as mesmas e sussurro-lhes suavemente “Não é sobre este espaço.” Agarro na tesoura e corto duas delas pelos pés. Solta-se uma essência pelo ar instantaneamente ao meu movimento, espalha-se sobre mim, essa essência. Emano o perfume. Um longo inspiro. Encosto a rosa ao peito. Um calafrio percorre-me o corpo e os meus mamilos endurecem, espetando-se na blusa. Beijo as suas pétalas e arranco-as deixando-as cair na palma da minha mão que se encontra estendida por baixo.
por Melody em As duas Invenções do Pornógrafo Loy
(...)
E balanço-a para a frente, num movimento rápido e ligeiro. A cadeira de baloiço ao canto da sala. As imagens são sacudidas da minha cabeça e desfazem-se em pedaços pela sala estagnada. As rosas crescem e germinam. Levanto-me da cadeira e atravesso o corredor até elas. Debruço-me sobre as mesmas e sussurro-lhes suavemente “Não é sobre este espaço.” Agarro na tesoura e corto duas delas pelos pés. Solta-se uma essência pelo ar instantaneamente ao meu movimento, espalha-se sobre mim, essa essência. Emano o perfume. Um longo inspiro. Encosto a rosa ao peito. Um calafrio percorre-me o corpo e os meus mamilos endurecem, espetando-se na blusa. Beijo as suas pétalas e arranco-as deixando-as cair na palma da minha mão que se encontra estendida por baixo.
por Melody em As duas Invenções do Pornógrafo Loy
Lost Garden
O meu cigarro queima-me os dedos. Apago-o num dos muitos cinzeiros espalhados pela casa. Volto ao quarto para buscar os rolos da máquina e dirijo-me para a sala de revelação. É totalmente vermelha. Por vezes gosto de propender por lá, durante horas e pensar nas minhas fotografias, em fluxos vermelhos. Molho as fotografias nos produtos químicos, amplio-as e espero que sequem. Progressivamente vou começando a distinguir as formas de Dana e Joanna. As suas expressões de prazer. Deixo as fotografias secar. Volto para o quarto. O caminho até lá é silencioso. O som seco das minhas botas contra o chão preenche o ar e o escuro da casa. Purcell continua a tocar. Do canal 3 em directo observo ao que chamam sombras de amantes, reflexos, imagens nítidas e explícitas. Coloco-me a meio do quarto, de modo a conseguir observar através da janela e através do ecrã. A mesma imagem dos dois ângulos. E de repente assemelha-se tudo a um dos meus filmes, das minhas obras de arte. A escuridão envolvida com os neóns azuis e negros do quarto, a imensidão dessa escuridão que o envolve, o erotismo que se praga pelo ar. É lascivo, completamente. E todas estas pessoas estão lá, no meu quarto, comigo, envoltas em mim, a beijarem-me, a absorverem-me, a devorarem-me bastante vagarosamente, a consumirem-me. E sinto o meu ser abandonar-me, perder-se, flutuar em mim. E todas essas pessoas, que me consomem…
por Alicia em As duas invenções do pornógrafo Loy
por Alicia em As duas invenções do pornógrafo Loy
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