Ele encostou o braço no arco da parede da sua sala e a palidez daquela
pele de onde o bronzeado se ia cada vez mais extinguido contrastava com o
conjunto de recortes que decoravam a parede. Ela mirava-o pela altura do sofá e a primeira coisa que via se olhasse
em frente eram os joelhos e as coxas musculadas. Tinha um corpo muito
trabalhado, robusto, com um tronco proporcional ao resto do corpo, os braços e
os ombros largos, as mãos grandes, de homem, o abdómen definido.
Com a mão que tinha livre
segurava um cigarro que levava à boca e exalava o fumo na sua direcção. A sala
era preenchida pelo vapor quente das suas respirações. Conseguia observar os
dedos dos pés descalços e as unhas pintadas de azul negro, de pequeno porte,
pés delicados. Os seios rolavam-lhe para os lados e o ventre era liso e
aclamativo.
-Não podemos fazer isto tantas
vezes, loirinha. Vou-me apegar a ti e tu não precisas de um rapaz como eu atrás
de ti.
Ela sorriu e limpou um bocadinho
da saliva dele que lhe molhava o mamilo resfriado. Não era bem um sorriso que
queria expressar. Sentia a efemeridade daquele momento a passar-lhe ao lado.
-Deixa-me fumar contigo.
Ele desapoiou-se da parede e
caminhou na direcção dela. Estendeu-lhe o cigarro aos lábios e constatou a
beleza de uma rapariga a fechar os olhos e a inspirar do fumo de um cigarro e
depois a exalá-lo. Levantou-lhe a cabeça com a mão, de forma a sentar-se e a
pô-la no seu colo. Os olhos cinzentos pendiam ao lado do seu pénis flácido e
tudo se encaixava num panorama. Deu-lhe o cigarro para as mãos e afagou-lhe as
maçãs do rosto repetidamente, conseguia projectar-se a fazê-lo mais
frequentemente, porém sabia que não iriam nunca passar daquilo.
Conto 11 - História de uma Garrafa de Whisky
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