Dormi durante setenta e duas horas e quando acordei escrevi-te isto. Penso que vou voltar a deitar-me. Continuo a sentir-me terrivelmente cansado. As ideias atravessam-me a mente com tal rapidez que dirias que é mentira, impossível. Cansam-me. Tudo me cansa. Preciso de descansar. Pensei na morte. Não gosto de pôr as coisas desta forma, mas pensei nisso. “Porquê Simon?” quase te ouço perguntar. O que há aqui que não me leve a fazê-lo? Existes tu, sem margem de dúvida. E és mais que suficiente. Mas não és para sempre. Só vais ser um argumento durante mais tempo, prolongar o inevitável. Hoje posso não sair do quarto, posso ficar e beber ou fazer umas linhas. Mas se preferires vou até à sala e vejo um filme ou ouço um disco. Não há diferença no que toca ao fim. Ambos me matam. Ambos me desgastam. Foi essa a diferença crucial que ainda não percebeste – não há diferença. É tarde de mais para haver. Sou um caso tão perdido. Vivo de momentos que estagnaram no tempo. Não voltarão a ser reproduzidos. Tenho tido uma necessidade brutal de falar sobre mim, como se fosse tudo acabar e precisassem de saber exactamente como é que as coisas se passam, se sentem, e conjugam. Talvez fale demais. Não interessa, isso é só mais uma prova de que há coisas a acontecer e agora não sou o único a ter consciência disso. Hoje queria loucamente dormir contigo. O teu calor sempre acalmou o resto que borbulha em mim. Acho que agora simplesmente o abranda. Tenho pena daqueles que não têm para onde ir nessas alturas. Mas sobretudo tenho pena daqueles que não sabem como ir. Eu tenho-te ao lado. E não sei como mas custa-me procurar-te.
Sinto-me aborrecido. A vida é aborrecida. O homem é um ser irrealizado. O teu cheiro faz-me largar o meu pescoço por minutos, faz-me desapertar a corda justa que pende do tecto. Mas como já te disse, não é suficiente. Quero fazer amor contigo uma última vez, deixa-me vir em ti.
Com amor, Si
Por Simon, em Empty Divisions
Sem comentários:
Enviar um comentário