-O que é que vieste buscar? –
pergunta-me o Led, denotando uma ausência de interesse pela minha presença improvável.
Observo-o com os dois olhos ansiosos e predadores, a minha boca sente um gosto
seco e intragável, toda a minha placidez é ansiedade. – Certamente não vieste
jogar poker.
Focalizando a pressão na ponta
dos dedos pintados, levo-nos até à cozinha do porão ilícito e começo a
devorá-lo lentamente com os dentes e a língua. Subitamente um corpo rígido e
erecto transforma-se numa massa gelatinosa entre os meus braços famintos e
ouço-o arfar e vir-se, sucessivamente, alimentando-me de um amor facultativo e
desmesurado. Um deslize lubrificado do pénis dentro de mim e as lágrimas
começam a pingar-me o peito franzino. É o fim da festa, Figgy. O fim de tudo.
Aprisiono entre as mãos erguidas o membro que, em sentido, se impõe revelando
as suas formas tão perfeitas e trabalhadas quanto as da face ornada e
manuseio-o até ele esguichar em todas as direcções e em alternantes
intensidades. O Led solta este gemido altivo e tremendamente voluptuoso para me
cair para o colo qual criança cansada implorando por afagos e carícias.
Beijo-lhe a tez e observo-o enrolado em volta do meu peito reduzido,
observando-me com olhos estouvados.
-Eu sabia que faríamos amor. –
diz ele, numa peripécia calculável. Eventualmente tudo se desmorona. Sim, as
arquitecturas estão fracamente construídas, necessitamos de melhores
empreendedores. Procuro no bolso o saco de pó que habitualmente lá se encontra
e cheiro as linhas uma a uma com calamidade. Ergo-me de joelhos e beijo-lhe o
rósea dos lábios ainda ofegantes e já vermelhos da auto-pressão provocada pelos
dentes.
-Eu não faço amor. – cuspo, enquanto me afasto agitando as nádegas mas
sem orgulho e tirania. Compreendo enquanto me afasto do edifício que as
lágrimas já haviam secado há muito tempo e que tudo não passa de identificar os
problemas e de saber como os censurar e não complexificar. É tudo muito mais
simples quando não nos preocupamos. Mais tolerável.
Suntory Yamazaki Single Malt Whiskey Conto 7, História de uma Garrafa de Whisky