Não vai ser muito pelo acto de escrever porque eventualmente, com o passar dos anos, vou-me apercebendo de que escrever é só uma forma de descontrair o que me vai na mente. À medida que o vou soltando para o papel, sob uns contornos e outros vou aliviando o pensamento de um peso tremendo que é o da reminiscência. Nós lembramos demasiado e temos dificuldade em lidar com essa memória toda arquivada em células pequeninas. Principalmente quando ficamos sozinhos, as memórias soltam-se todas como serotonina no cérebro e temos uma inundação de sensações ardilosas. Vou-me aperceber de que a escrita automática funciona, a escrita regular também, outros géneros mais alternados exprimem bem a matéria que não consigo articular naturalmente. Nisto vou conhecendo muitas pessoas. Personagens. Anotar: nem toda a gente que conheces é real…mas as histórias são.
Vou voltar a sentar-me lá umas quantas vezes, ao nível da porta e pensar, porque é que a normalidade é tão difícil de seguir, de nos agarrar. A maioria das vezes vou sentar-me por lá e ficar a ponderar na Barbarella. Vou ter de seleccionar palavras e é uma responsabilidade muito pesada. Vou passear em mil mentes e vou conhecer várias histórias. Mas vou-me sentir cansada e eventualmente terei de voltar ao quarto, sentar-me e pensar. Anotar: de onde é que isto tudo vem?
Conto 8: Cutty Sark Whisky, História de Uma garrafa de whisky
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