Agora, como lhe disse, não percebo a potencialidade dessa questão. É demasiado ambígua. Sim, temos tendência a dispersar-nos. Mas, anote agora, era tudo um sonho. Correcto? Era tudo um jogo perigoso de onde ambos queríamos sair queimados.
Não sei do que estou à procura, risca-me a mente ao observar-me completa diante do espelho onde procuro indícios e vestígios que não sejam distinguíveis nos corpos de nenhum outro individuo. Nem do Figgy, nem da Nancy, nem do Led. Só que, à medida que me vou sentindo nas mãos, a pele parece-se mais ligeira, menos mundana, mais irreal, mais idílica. O prazer, a dor, a alegria, a euforia, são tudo peças tão insignificantes e dispensáveis que facilmente as possa alterar com a dosagem correcta. Abro a palma da mão onde ele se assinala, um pequeno comprimidinho cor-de-rosa repleto de serotonina e amor. Dispersa-se tudo e os meus olhos revelam duas existências que se começam a uniformizar. A verdade é que não sei o que procuro. É tudo um sonho. Engulo o comprimido e permaneço inexpressiva fitando-me. Realidade. A verdade é que tudo em mim parece tão longe disso.
Conto 7: Suntory Yamazaki Single Malt Whisky, História de uma Garrafa de Whisky