-Não me
puxem! Eiiiiiiiiiiiii
Os
ilusionistas entretêm um público de espectadores esperançosos. As aparências
desfazem-se pelo ar. Não aguento, rio-me de tudo. Não me puxem, elas
agarram-me.
Começa
a sentir-se no estômago, uma espécie de previsão, forma-se, fermenta-se,
intensifica-se e depois gira e ebole até chegar a um clímax tão alto e inalcançável
que as lágrimas brotam-me dos olhos, pingam e desfazem-se pela cara, as notas
soam a uma voz melindrada, É TÃOOOOO MAGNIFIIICO, sei que é esta a sinfonia que
tenho de agarrar e trabalhar, piiiim piiim pimmmm Aaaaarghhhh.
Pam. Tam. Yeah. La. Ta. Pum. Pum-rrrrrrrrrrrrrrr.
-Chorem!
Chorem todos porque este som não vai voltar! É a sinfonia derradeira!
Assemelha-se tudo a trabalho amador quando comparado com isto.
-És
o máximo!
-Não
me puxem! DEIXEM-ME TOCAR! QUERO TOCAAAAAR.
Às
vezes assemelha-se a uma vida. Viver dentro da música. Sonhar durante o sono
com uma ilusão que não é um delírio, nem uma alucinação mas que infortunadamente
também não pertence à realidade. O que é que interessa além disso? A realidade
enfadonha? Não há gatas, há mulheres. Não há mestres e génios, há artistas. Não
há sinfonias, há músicas. Mas há…há um saxofone…
Conto 6: Ardberg, História de uma garrafa de whisky