You have to ask yourself what brought the person to this point

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sax Play


-Não me puxem! Eiiiiiiiiiiiii

Os ilusionistas entretêm um público de espectadores esperançosos. As aparências desfazem-se pelo ar. Não aguento, rio-me de tudo. Não me puxem, elas agarram-me. 

Começa a sentir-se no estômago, uma espécie de previsão, forma-se, fermenta-se, intensifica-se e depois gira e ebole até chegar a um clímax tão alto e inalcançável que as lágrimas brotam-me dos olhos, pingam e desfazem-se pela cara, as notas soam a uma voz melindrada, É TÃOOOOO MAGNIFIIICO, sei que é esta a sinfonia que tenho de agarrar e trabalhar, piiiim piiim pimmmm Aaaaarghhhh. Pam. Tam. Yeah. La. Ta. Pum. Pum-rrrrrrrrrrrrrrr.

-Chorem! Chorem todos porque este som não vai voltar! É a sinfonia derradeira! Assemelha-se tudo a trabalho amador quando comparado com isto.

-És o máximo!

-Não me puxem! DEIXEM-ME TOCAR! QUERO TOCAAAAAR.

Às vezes assemelha-se a uma vida. Viver dentro da música. Sonhar durante o sono com uma ilusão que não é um delírio, nem uma alucinação mas que infortunadamente também não pertence à realidade. O que é que interessa além disso? A realidade enfadonha? Não há gatas, há mulheres. Não há mestres e génios, há artistas. Não há sinfonias, há músicas. Mas há…há um saxofone…


Conto 6: Ardberg, História de uma garrafa de whisky