Fumo do cigarro e faço umas bolinhas com o fumo. Pam pam pam pam. As luzes piscam para lá desta ponte por onde passamos. Estamos sobre o mar. SOBRE O MAR. Danço com as luzes e toco com enlevo para elas num frenesim musical espectacular. A ponte sustem-se em dois pilares, um no começo, outro no fim e de resto estamos entregues a estes suportes de borracha resistentes, como se chamam? Como? Não há limites. Parece um bocado absurdo se estudarmos o cenário bem: dois suportes e cem carros empilhados numa ponte de alguns metros de comprimento, se virmos atentamente, ela começa onde acaba.
-As coisas acabam todas onde começam. – suspiro.
-Onde? – pergunta o Charles com o cigarro nos lábios.
-Lá em cima. – digo.
-Lá em cima onde, meu? – pergunta o James, um bocado aparvalhado e incrédulo.
-Lá em cima, - respiro observando a atmosfera do exterior - no palco.
História de uma Garrafa de Whisky, conto 6: Ardberg